Fios que tecem uma rede de oportunidades

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Formatura da primeira turma do curso

Máquinas de costura disponíveis e uma população em busca de novas oportunidades. Esse foi o ponto de partida para a realização do primeiro curso de corte e costura na Fundação Fé e Alegria, na Vila Farrapos, em Porto Alegre.  A formatura da primeira turma aconteceu em outubro e o projeto ajudou a tecer uma rede de oportunidades para as mulheres desta comunidade.

O projeto nasceu de uma forte união de esforços. Inicialmente, a Fé e Alegria realizou a limpeza e manutenção das 12 máquinas de costura disponíveis na paróquia, até então usadas apenas para pequenos reparos nas roupas distribuídas aos necessitados. Depois disso, mapeou as mulheres interessadas em fazer o curso, vinculadas à fundação, à Escola de Cidadania; ao projeto de Capoeira e à Paróquia Santíssima Trindade. O Instituto Koinós contribuiu com recursos para tornar o curso possível.

A partir daí, o movimento de linhas e agulhas criou um novo espaço de empoderamento de mulheres e meninas da região. Com muita disposição e dedicação, o grupo foi criando uma dinâmica própria que consolidava a aprendizagem das participantes.

Espaço de aprendizagem e trocas entre as mulheres da região
Aprendizado de corte e costura contribui para gerar renda e desenvolver as mulheres da região

Mas a enchente de maio interrompeu o curso e houve perda total de todo o material e equipamentos. Recompor a sala de costura passou a ser uma prioridade, mas uma tarefa desafiadora. Das 14 participantes, voltaram seis. Destas, quatro ainda não tinham retornado para o território. Mesmo assim, participaram com afinco e dedicação e não mediram esforços para concluir o curso.

Segundo o padre Vicente Palotti Zorzo, responsável pelo projeto, “um pequeno milagre aconteceu e, através dos fios da costura, foi sendo tecido um novo mundo na Vila Farrapos, mesmo após ter sido arrasada pelas cheias”.

Máquina de costura atingida pelo alagamento na Vila Farrapos
Máquina de costura atingida pela enchente na Vila Farrapos

Após a formatura, o grupo continua se reunindo na sala de costura da igreja para produzir calças e camisetas para a capoeira. As mulheres que perderam suas máquinas próprias na enchente podem usar o espaço para seus trabalhos. Também estão sendo produzidas roupas para comercialização em uma feira na vila, em dezembro. O recurso arrecadado será revertido para as costureiras e para manter a sala de costura em ordem. 

Fotos: Mariza Rigo